quarta-feira, 4 de junho de 2008

Fichamento: GOODRICK-CLARKE, Nicholas. "Sol Negro: cultos arianos, nazismo esotérico e políticas de identidade". São Paulo: Madras, 2004 (pp.397-401).

O autor afirma que a extrema direita racista européia, e mundial, não “cresceu em um vácuo” (GOODRICK-CLARKE, página 397), mas sim como uma resposta ao crescente número de imigrantes que adentraram em diversos países europeus e também nos EUA, no final da década de 50. Assim, grupos neonazistas passaram a defender a idéia de que um domínio racial branco poderia estar ameaçado, o que fez com que o princípio de raça ganhasse destaque em meio aos cultos arianos. Muitas políticas adotadas também possuíam um caráter altamente discriminatório. “Privilégios fornecidos pelo governo com base na raça, por sua vez, estimularam o crescimento da extrema direita racista” (GOODRICK-CLARKE, página 398). Percebe-se um apoio liberal da ação afirmativa, que ultrapassa o caráter meramente racista.

Os brancos viveriam em meio a uma era degenerada pelas misturas raciais e sociais. “Cultos arianos e o nazismo esotérico afirmam poderosas mitologias para negar o declínio do poder branco no mundo” (GOODRICK-CLARKE, página 398), o que é expresso pelo pessimismo cultural de Miguel Serrano e Savitri Devi, por exemplo. Lamenta-se a derrota alemã na II Guerra Mundial e o triunfo do liberalismo na ordem internacional. Desta forma, um multiculturalismo, somado à imigração, gera tais cultos que buscam o reforço de uma identidade com base na raça. Há “a ascensão de um novo nacionalismo como uma cultura de resistência às recentes forças de globalização e de imigração” (GOODRICK-CLARKE, página 399). Vê-se muitas vezes o aumento dasimigrações como fator resultante de problemas econômicos e culturais.

“O surgimento de gangues racistas de skinheads, a música do white power e a transformação do racismo neonazista em novas religiões populares de identidade branca espelham claramente os crescentes níveis de imigração para países ocidentais e as conseqüentes pressões na direção do multiculturalismo” (GOODRICK-CLARKE, página 401). Nota-se que a desestabilização das democracias ocidentais no pós-guerra geraria ações baseadas em cultos e esoterismo, somadas ao reforço da extrema direita, como um meio de retorno ao passado, onde o que se busca de fato é a legitimação da superioridade de uma identidade branca.

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